avaliação de Submarino nota 10
Jes:12 anos atrásSer pessoa é mais do que ser simplesmente O livro ‘Quem me roubou de mim? O sequestro da subjetividade e o desafio de ser pessoa’, de Padre Fábio de Melo, da Comunidade Canção Nova, debate um assunto bastante comum em nosso meio, porém nossos olhos não conseguem enxergar por estarem semi fechados e ‘dopados’: a questão do ‘quem sou eu?’. Com exemplos de vida de pessoas reais, de casos da vida real, o autor e poeta rege as ideias, mostrando aos leitores quão disfarçado é o ‘ladrão’ que nos rouba de nós mesmos e nos faz pensar ‘estar tudo bem’. Numa linha bastante filosófica, Fábio de Melo nos conduz a um ‘tratamento’ para o resgate de nossa subjetividade e para a transformação de um simples ser raptado a uma pessoa mais forte e atenta. A cada capítulo o escritor inicia com uma frase, poema ou algum escrito a fim de levar-nos a refletir sobre nossa vida. No capítulo 17, ele diz: ‘Eu sou o que sou na medida em que me permito ser.’ (p. 91). É a passagem mais bela da obra e que mais me chamou a atenção. Com essa frase como reflexão, o padre quer dizer-nos que somos o que somos por permitirmo-nos assim ser, ou seja, é uma questão de escolha pessoal, podendo escolher ser livre, isto é, não se deixar levar pelas situações e pelo mundo; ou ser prisioneiro, cativo de uma situação que nos impede de seguir em frente e abrir os olhos, obrigando-nos a ser o que não somos de fato, prende-nos à mentira. Ele ainda completa: ‘E quando não sou é porque o ser eu não soube escolher.’, reforçando a tese concreta do livre-arbítrio e pedindo-nos cuidado ao escolhermos os seres que queremos ser, evitando escolhas deturpadas e corrompidas que apenas nos fazem sofrer em vão. Esse é ‘o desafio de ser pessoa’, a cada dia, perseguindo-nos, a cada momento, a fim de nos seduzir, tontear e ter acesso aos nossos interiores, roubando-nos de nós mesmos. Assim, respondendo à pergunta, ‘quem me roubou de mim?’. É complicado acreditar nisso, mas ninguém me roubaria de mim se eu não o permitisse. E se eu me permito ser roubado, eu acabo sendo cúmplice desse roubo. Logo, eu deixo-me roubar.